terça-feira, 21 de setembro de 2010

Relato de Parto (VBAC) - Danielly Danda

Sempre quis um parto normal, que não foi possível na minha primeira gravidez, devido a falta de informação minha e falta de ética do GO. Ele disse q minha bebê á estava muito grande e q tava com o intestino cheio, se fizesse cocô teria uma infecção. O parto foi horrível e o pós parto mais ainda. Já relatei aqui logo que entrei na comunidade.

Nessa segunda gravidez comecei logo a pesquisar sobre o parto, foi quando descobri q a minha cirurgia foi desnecessária e que a maioria dos GO’s não apóiam o PN. Começou ai uma luta, fui na GO que sempre ia para exames de rotina, e numa que peguei boas indicações, nenhuma das duas apoiaram, então resolvi procurar por um que apoiasse o PN e mesmo apoiando o PN, tem muitas restrições com relação a VBAC. Todos disseram q eu não poderia parir, pelos motivos mais assustadores e ridículos possíveis. O problema é que nessas consultas, o meu marido sempre me acompanhava e já tava acreditando que eu realmente não poderia parir.

Foi quando eu postei aqui na comunidade o meu relato do primeiro parto, e conheci a Kelly que me indicou a Dra. Bárbara. Já conhecia, tinha me consultado com ela uns 7 anos atrás, quando era adolescente, e como muita gente comenta, não gostei muito do jeitão alemão dela. Mesmo assim, liguei pra marcar consulta no mesmo dia. E meu marido teve uma conversa comigo, e disse que tava muito preocupado com essa “idéia” minha. Que se 3 médicos já tinham dito q eu não poderia, eu não podia confiar na opinião de uma só medica. Tentei tranqüilizá-lo com relação a isso, ele foi comigo na consulta e ficou um pouco mais tranqüilo com a naturalidade que a Dra. Bárbara trata o assunto. Enfim, a gravidez inteira foi uma luta, tentando convencer meu marido, família e até amigos, que o parto natural é a melhor forma de nascer. No meio pro final, ele se conformou, até me acompanhou a uma reunião do Ishtar e adorou! Mas eu sentia q ele ainda não tinha aceitado bem, ele tinha muito medo, sei lá do que.

No final da gravidez, sentia cólicas e pontadas todas as noites, minha DPP era pra 01/06/10. Nunca tive esperança que o meu parto fosse antes das 40 semanas. Foi então que no dia 27/05 com 39 semanas e 4 dias, tava arrumando a Lívia(minha 1ª filha) pro colégio, penteando o cabelo, quando senti um líquido quente escorrendo , pensei logo: Nossa, num to mais nem conseguindo segurar o xixi! Rsss.... Depois percebi q poderia ser a bolsa, corri pro banheiro, o Junior tava no quarto se arrumando p/ sair p/ trabalhar, falei p/ ele q a bolsa tinha rompido....começamos a chorar e rir ao mesmo tempo. Chegou a hora da nossa princesinha nascer. Que felicidade! Passei a gravidez inteira sonhando com esse momento, o começo do trabalho de parto, que eu nunca senti, mas que me fascinava tanto. A partir dali eu teria que me entregar ao que o meu corpo pedisse eu não teria o controle de nada. E logo conheceria a minha princesinha.

Daí ele disse: Vamos pro hospital?. O bixinho, assistiu muita novela! Rsss....
Expliquei pra ele que a gente só ia pro hospital quando as contrações ficassem regulares e de 5 em 5 minutos. E que isso poderia demorar. Então eu fui pro centro, comprar algumas coisinhas que estavam faltando, fazer minhas unhas. Se eu ficassem em casa enlouqueceria de ansiedade.

Deixamos a Lívia no colégio e fomos (temos uma loja no centro, então se eu precisasse descansar um pouco, voltava pra loja), liguei pra Kelly(doula) pra dizer q a bolsa tinha rompido, ela disse pra eu beber bastante líquido. Então fiquei andando com um squeeze, fui pro salão fazer as unhas, (no salão a minha mãe não conseguia se conter de felicidade, terminou contando pra manicure q eu já tava TP, todo mundo ficou horrorizado por eu estar lá. E quando eu disse q ia ser parto natural ai sim, ficaram olhando pra mim como se eu fosse um E.T), comprei mais algumas coisinhas pra Marina, logo deu meio-dia, almocei lá no centro mesmo. Depois do almoço fiquei pesada e cansada, não agüentei mais fazer nada, só queria ir pra ksa descansar.

Quando cheguei em ksa, tomei um banho e fui tirar uma soneca, imaginando q o trabalho de parto poderia ser longo e cansativo.
Acordei umas 17:30hrs, liguei pra Dra. Bárbara, q até então eu não tinha ligado, ela perguntou como eu estava, e disse que quando as contrações começassem ligasse pra ela. às 18:30hrs as contrações começaram fraquinhas, eu já comecei logo a marcar. Pedi pro Junior comprar os ingredientes pra fazer um chá, e fiz, bem forte,horrível!
Bem, passei o resto da noite descansando, dormindo nos intervalos das contrações, que começaram a ficar mais fortes e com intervalos mais curtos, mas foi um processo bem lento. Quando as contrações estavam de 10 em 10, acho que às 2hrs, liguei pra Dra. Bárbara e pra Kelly pra mantê-las avisadas. Às 4hrs, já estavam de 5 em 5min. Liguei pra Dra. Bárbara. Por mim tinha esperado mais tempo, mas o Junior e a minha mãe ficaram com medo da menina nascer dentro do carro então, fomos pro hospital. No caminho, só senti duas contrações, ainda bem pq é horrível estar dentro do carro numa hora dessas. Parece que a dor triplica.

Cheguei no hospital, as contrações regrediram, ficaram instáveis. 20 em 20, 15 em 15... Fiquei esperando outra pessoa que tava chegando p/ fazer uma cesárea. E eu só queria beber água, muita água. E a atendente horrorizada por eu estar bebendo água, disse q não podia de jeito nenhum....bem, passados a burocracia da internação, subimos pra o andar da maternidade. A Dra. Bárbara e a Kelly subiram junto com a gente. Quando entrei na enfermaria, tinha outra mulher em TP gemendo de dor, deitada na cama, fiquei imaginando, ai meu Deus, será que eu vou ficar assim?
Daí veio a enfermeira, me mandou tirar toda a roupa e vestir aquela famosa batinha com a abertura pra trás, e dizia insistentemente pra vestir com a abertura pra trás.

Eu vesti do jeito que ela quis, mas quando me deitei na cama, ela começou a me sufocar. Mas nem liguei muito, afinal, a minha expectativa tava no temido toque, mas o medo maior não era da dor e sim pra saber com quanto eu tava de dilatação. Eu queria pelo menos 3cm. Me deitei na cama, quando Dra. Bárbara fez o toque, às 6hs....E adivinhem? nada de dilatação, colo grosso....Foi mesmo que jogar um balde de água fria em mim, me bateu uma tristeza, uma sensação de impotência, imaginei q não ia conseguir. Esperava q a qualquer momento, que a Dra. dissesse que tinha q fazer uma cesárea e eu não estava preparada pra isso, eu queria meu parto tão sonhado!
Mas ela fez uma indução e eu fiquei deitada por mais ou menos meia hora, depois me levantei vesti uma calcinha, coloquei um absorvente e fui andar. Andei no corredor pra lá e pra cá, subi as escadas do hospital com o Junior, até ai as contrações ainda estavam espaçadas, quando eu sentia uma, me agarrava nele e respirava bem fundo até passar. Rebolei na bola, tomei banho morno, voltei pra bola, minha melhor companhia, nossa o melhor lugar do mundo pra ficar....a bola! As contrações voltaram pra 5 em 5 min. Às 9hs a Dra. Bárbara voltou pra fazer outro toque, minha ansiedade era imensa, e adivinhem, pra minha surpresa.....7cm!!!! ai meu Deus, obrigada! Fiquei tão feliz, comecei a chorar, não contive as lágrimas, minha menininha tava chegando...

Minhas forças se renovaram, voltei a caminhar, bebi mais um montão de água, e voltei pra bola....as contrações continuaram de 5 em 5 minutos e ficaram cada vez mais fortes. A Kelly fez uma massagem super relaxante nas minhas costas, e eu dormia a cada intervalo de contração, estava muito cansada.
A Dra. Bárbara voltou de novo 12hs e fez outro toque....dilatação total!!! Ufaaa.... Ela disse q tava preparando a sala de PPP (preparação para o parto), que quando tivesse pronta ela viria me buscar.

Eu queria parir na água, então a Kelly levou a piscina e com toda paciência preparou ela pra mim. Quando eu desci pra lá já tava tudo prontinho e eu entrei na piscina, a partir daí eu nem sabia mais q horas eram, perdi a noção, eu perguntava a hora pra minha mãe, mas não prestava atenção quando ela respondia!

Assim que entrei na piscina, nas primeiras contrações eu senti vontade de fazer força, mas era bem fraquinha, não sei quanto tempo passei dentro da piscina, só sei que tava com muito frio e senti que isso tava me atrapalhando. Foi quando a Kelly me perguntou se eu queria sair da piscina, resolvi sair e fui pra banqueta, nesse momento as contrações eram muito fortes e cada vez mais freqüentes.
Mas nada de evolução, nas contrações eu fazia força mas sentia que tinha alguma coisa errada, não sei o que, mas sentia. Tentei ir pro vaso, não gostei, deitei na cama mas a dor era ainda mais insuportável, então voltei pra banqueta. Nesse momento só estávamos eu e o Junior na sala. E eu já estava muito nervosa e muuito cansada. Já estávamos há 12 horas no hospital. Ele conversou comigo, olhou nos olhos, me disse muitas coisas lindas, que tava cada vez mais perto da nossa menina chegar, que ele tava muito orgulhoso de mim, pela minha força e perseverança, que eu continuasse assim que logo ela estaria nos meus braços.

Nossa, aquele momento foi muito especial, porque até então, ele e a minha mãe, só estavam olhando tudo e sem saber o que fazer. E também estavam muito cansados, pois me acompanharam durante o trabalho de parto inteiro. O Junior sentou na bola atrás de mim e ficou fazendo massagem nas minhas costas e me dando apoio. Passamos um tempão assim, até que novamente eu me irritei. Rssss.... tentei me deitar na cama de novo, nada...então pedi pra ele chamar a Dra. Barbara e fui pro vaso, quando ela chegou, expliquei que eu já tava impaciente, que tinha alguma coisa errada.

Ela pediu pra eu me deitar p/ ela fazer outro toque, ela disse que tava tudo normal que tinha até sentido a cabecinha da Marina, mas que poderia tentar uma indução com ocitocina na veia pra ver se acelerava, bem nessa hora veio uma contração muito forte e não consegui ficar deitada fiquei de cócoras apoiada no colchão, foi quando a coisa ficou punk mesmo....

A Kelly me colocou na banqueta, veio uma enfermeira tentar achar minha veia pra aplicar a ocitocina, veio outra contração e nada dela conseguir, a bixinha tava nervosa, eu pedi pra ela parar de tentar, que não precisava mais, a partir daí as contrações vinham eu acho que de 2 em 2 minutos e eram muito fortes. A Dra. Barbara sentada no chão de frente pra mim fazendo massagem no períneo e a Kelly por trás me segurando pra me dar apoio.

Teve uma hora que a Barbara saiu pra fazer alguma coisa e a Kelly veio pra minha frente, e disse que já tava vendo os cabelinhos da Marina, eu ainda toquei nas não consegui identificar, e logo, veio outra contração. Depois a Dra. Bárbara e a Kelly assumiram suas posições.

O trabalho de parto tinha sido tão demorado que de certa forma eu não acreditava que já estava tão perto. Foi quando eu senti o tão famoso, circulo de fogo e depois ela escorregou, nasceu minha pequena, com o cordão enrolado no pescoço. A Dra. Bárbara desenrolou e me deu ela, nossa é a sensação mais maravilhosa e indescritível, o mundo parou naquele momento, eu não conseguia pensar em nada, nem ouvia o que as pessoas falavam ao meu redor. Só queria olhar pra ela, beijar, cheirar....ai que cheiro bom, deu vontade de lamber ela todinha! Rssss....
Daí o Junior entrou com a minha mãe na sala e ficou olhando pra ela, sem falar nada só emocionado com a nova princesinha q acabara de nascer.

Eu sai da banqueta e me deitei no colchão, com ela ainda no meu colo, ela não quis mamar, só ficava lambendo o meu peito e olhando pra mim. Quando o cordão parou de pulsar o Junior cortou, coisa que ele disse q não teria coragem de fazer. depois a Dra. Barbara deu os pontinhos no períneo.

Como ela fez muito cocô, eu não pude dar o primeiro banho, então levaram ela pro berçário, pesaram e deram o banho. Pedi pra o Junior acompanhar pois eu só queria que fosse aplicada a vitamina K, não queria colírio de nitrato de prata, por mim nem queria a vitamina K, mas o Junior ficou receoso e decidimos q seria aplicado.
A placenta demorou um pouco a sair e logo depois voltei pro quarto. Já com ela no colo, ela já tinha recebido alta. A Dra. Barbara, veio a noite e já me deu alta também.

Tive uma sensação ruim quando me levantei, uma fraqueza, falta de ar, acho q pelo cansaço e pela falta de alimentação. Tomei um banho, e fomos pra casa.
Minha Marina nasceu no dia 28/05/2010 às 17:15 hs após 39 semanas e 3 dias de gestação, pesando 3,150kg, medindo 51cm, apgar 9/10, de parto natural de cócoras, após quase 36 horas de bolsa rota, quase 24horas de trabalho de parto, dorso a direita e cordão enrolado no pescoço.

Um parto cheio de mitos quebrados, demorado, batalhado e conquistado.
E o pós-parto? MARAVILHOSO....nossa, não imaginava! Dei o primeiro banho dela em casa. Pude cuidar dela com muita disposição em sem dores. O períneo cicatrizou logo, fiquei sentando meio de ladinho, mas nada comparado ao desconforto da cesárea.
Só tenho que agradecer, primeiramente a Deus, que me ajudou e esteve sempre presente nos meus pensamentos antes, durante e depois do parto.

A Dra. Barbara pela força, paciência e pelo trabalho maravilhoso que desempenha, encorajando e tratando de força natural a gestação e o parto.
A Kelly, pela paciência, carinho, ternura que transmite calma e confiança.
A meu marido, que apesar do medo e do cansaço, ajudou com as palavras de carinho.
A todas as outras pessoas que não acreditaram em mim, sim a essas pessoas tbm eu agradeço, pq eu fiz disso, força pra seguir em frente e provar que eu conseguiria.
Quando ainda estava grávida, li um texto, não me lembro de quem era que dizia: -Antes de ser medrosa eu sou teimosa. (Acho que era isso!).

Hoje eu me sinto mais mulher do que eu era antes, mais mãe do que eu era antes, sem polêmicas, por favor! Agora eu entendo quando lia nos relatos quando as pessoas falavam isso. Não sou mais do que vc, ou outra pessoa, sou mais do que eu mesma antes de parir!

Eu pari e renasci. Pari a Marina, esqueci o trauma e entendi o vazio deixado no parto da Lívia. Pra mim, na primeira gravidez, uma etapa do processo natural de ser mãe foi pulada, o parto!

Agora eu me tornei outra pessoa por dentro, me sinto mais segura como mãe, mulher, mamífera...dessa vez eu consegui amamentar. Outra luta travada contra muitas pessoas e opiniões. Escolhi a melhor forma de nascer e a melhor forma de alimentar.

Essa é a história da minha luta pelo meu sonho, que graças a Deus consegui realizar, do qual eu tenho muito orgulho e que se pudesse faria novo umas 10 vezes.
Bem gente é isso, espero não estar esquecendo nenhum detalhe e espero q vcs gostem do meu relato. Tentei resumir ao máximo que pude!

Um comentário:

mayarafeliz disse...

"O bichinho assistiu muita novela foi ótimo" kkkkkkkkkk... Adorei esse relato! A gente ri e chora ao mesmo tempo.