Para inspirar nosso diálogo de amanhã, no encontro de maio sobre as "Delícias e desafios de Ser Mãe hoje", compartilhamos o texto da página Pediatria Integral, do Facebok.
A Armadilha da Mulher Maravilha
- Nasce um bebê no Xingu. Todas as mulheres da oca se mobilizam. A mãe está cercada de cuidados e apoio.
- Nasce um bebê no sertão das Minas Gerais. A avó, a bisavó, as tias, a prima cercam a mãe de cuidados.
- Nasce um bebê numa aldeia africana. Numa tribo em Maui. Numa
cidadezinha no interior da Tailândia ou da Polônia ou da Inglaterra – a
cena se repete. Na favela da Zona Norte as vizinhas e a tia que mora na
laje de cima se encarregam de ajudar. E nas mansões dos jardins? Não são
mais a avó e as vizinhas, mas as duas babás, a enfermeira, a faxineira,
o motorista e o segurança.
Nasce um bebê em Copacabana, no
apartamento 1104. A avó está trabalhando em tempo integral. O pai só tem
cinco dias de licença. A vizinha do 1103 não só não ajuda, como sequer
conhece, e ainda reclama do choro noturno. E a empregada diz que só
ganha pra cuidar da casa. Ajudar à noite, nem pensar.
E aí temos
esse fascinante fenômeno social: a única mulher do planeta que é deixada
pra cuidar de um bebê sem nenhuma ajuda é a da classe media, urbana,
ocidental. Pior: ela achava que ia conseguir...
Mas essa
onipotência (culturalmente induzida, claro - e muitas vezes socialmente
exigida...) só dura até o 5o dia, quando muito. Na segunda semana a
mulher percebe que um bebê demanda demais. Precisa de atenção 24 horas,
permanente. Que os intervalos do sono não são suficientes para que ela
viva: descanse, almoce, tome um banho, respire, olhe pela janela, durma
meia hora, atenda ao telefone, responda um email. E os cuidados muitas
vezes exigem duas pessoas. Sem ajuda, é virtualmente impossível. A
amamentação facilita e muito o cuidado, já que não é preciso tratar de
mamadeiras, latas, esterilizadores e bicos. Mas é preciso tempo e
descanso para produzir leite. É o clássico bordão, muitas vezes
ignorado: um bebê só ficará bem se sua mãe estiver bem. Em alguns
momentos, é crucial que a mãe volte a ser mulher – um individuo separado
de sua filha, que precisa descansar, se cuidar, relaxar, pensar em
outras coisas. Ela precisa desses momentos como o bebê precisa do seu
leite.
Por isso, é preciso que tenhamos menos onipotência, e que
reconheçamos que vamos sim precisar de ajuda. Para isso, é necessário
planejamento: quem vai ajudar, como, quando. O pai vai segurar a onda
nas noites? Até quando? A avó pode mesmo ajudar? E os conflitos que
tantas vezes surgem nesse momento? Uma coisa é apoiar, acolher; outra,
se intrometer ou criticar – fronteira sutil e muitas vezes rompida de
forma inconsciente e perversa. A empregada vai cuidar de casa? Vai ter
comida pronta? O patrão vai respeitar e não ligar para falar de
trabalho?
Nos dias de hoje, a situação se complica ainda mais...
Para ler o texto na íntegra, visite a página: https://www.facebook.com/pediatriaintegral/posts/480409718716758
E até amanhã!
sexta-feira, 30 de maio de 2014
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