terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Eu preciso de uma Doula? - 2o. encontro





E janeiro tem mais Ishtar Fortleza!
Para começar a conversa do segundo encontro de janeiro, ainda sobre o tema "Eu preciso de uma doula?", texto maravilhoso de Melina Andrade. Até sábado!

Eu preciso de uma doula?
Por Melina Andrade

Antes mesmo de delinear aqui, para aqueles que ainda não sabem em que consiste uma doula, posso responder que, à grosso modo, a resposta é NÃO! Qualquer mulher, para parir, precisa somente estar grávida e saudável. Sendo assim, por que tanta insistência em infiltrar esse personagem na cena do parto? Por que tantas mulheres se dizem transformadas através da relação que estabeleceram com a doula durante a gestação e o parto? Por que tantos posicionamentos contraditórios quanto a essa profissional, se ela, em tese, não está habilitada para intervir no processo de parto? Ou seja, não pode decidir, não pode fazer exame, solicitar qualquer ordem de procedimento. Nada.
A doula é um personagem antigo, associada ao parto tradicional que, em geral, acontecia em casa. Personificava – se, muitas vezes, nas mulheres mais experientes, próximas afetivamente da parturiente, mãe, irmã, comadre, avó. Auxiliavam a parteira para que ela se mantivesse alerta às necessidades da mãe e do bebê, durante o parto. Não tinham essa titulação, portanto. Era uma “função” adotada naturalmente pelas mulheres do entorno, não era munida de tantas polêmicas, sendo personagem figurante do evento.
Com a transposição dos nascimentos para o ambiente hospitalar, há cerca de seis décadas atrás, bem como a crença sobre a necessidade de monitoramento constante, o excesso de intervenções e a figura do médico como central extinguiram esse elemento das comunidades urbanas. O parto rapidamente perdeu suas características de evento social e familiar para ganhar ares de procedimento médico. Ao binômio mãe – bebê foi dado o lugar de “peças” para manipulação da ciência. A doula surge nesse contexto como uma figura de justa oposição, de resistência. Nasce de uma sociedade que alimenta a ideia de seguridade asséptica e estéril, que insiste em colocar o corpo feminino como objeto, produto, mercado, que fertiliza a competição e o isolamento entre mulheres, dando – as características generalistas: maliciosas, competitivas, mentirosas. Para boa parte da sociedade brasileira, as mulheres ainda pagam pelo pecado de Eva e assim deve – se seguir eternamente.
A doula resiste por seu próprio conceito: uma mulher que oferece apoio contínuo a outra durante um momento crucial, através de palavras, gestos, massagens, olhares, carinho. Faz o contra – peso na balança cultural, quando diz: mulheres são fortes, gostam de estar entre mulheres, são leais às suas companheiras. As mulheres podem parir melhor com amor e suporte de outras mulheres.
A questão está no verbo “precisar”. Desde os primórdios da humanidade e até hoje, mulheres dão à luz a seus pequenxs sem doulas, enfermeirxs ou médicxs. Não é raro termos contato com relatos de parto desassistido, mesmo dentro de um hospital. Portanto, o que está em debate, quando falamos nesse profissional, não é SE a mulher vai parir, mas COMO. Certamente, contratar uma doula não garantirá um parto respeitoso, mas pode fazer parte da construção desse caminho. Durante a gestação, a indicação de fontes seguras para pesquisa (baseada em evidências científicas) pode contribuir para o fortalecimento dessa família no sentido de descobrir que ela pode escolher (à rigor, não é possível ESCOLHER sem informação), que pode ser diferente e muito mais bonito do que o que encontramos no cinema tradicional, por exemplo. Durante o parto, a doula contribui para que a mulher se sinta confortável, para
que ela se conecte com suas necessidades (de movimento, sede, fome, colo), para que o acompanhante, seja familiar ou não, se sinta também mais à vontade e encontre técnicas mais efetivas de apoio e alívio da dor. No pós – parto, o suporte emocional para amamentação e cuidados com o bebê. Pesquisas recentes, apontam que esse suporte contínuo aumentam significativamente o sentimento de satisfação da mulher em relação ao parto, bem como diminuem o tempo de trabalho de parto, a incidência de intervenções medicamentosas para alívio da dor, além de uma série de outros benefícios.
Por fim, a doula não é um finalidade, nela não se resume o parto respeitoso. A doula é um caminho. A melhor maneira de compreender o que faz uma doula, afinal, é conversando com mulheres que pariram e tiveram a oportunidade de receber essa “mão amiga”. Grupos de apoio a maternidade ativa como o Ishtar, por exemplo, vem se espalhando por todo o território nacional. Neles, é possível conhecer a experiência de outras mulheres, tirar dúvidas, construir laços positivos de apoio, captar informações seguras.
O nascimento é um novo mundo que, ali, se inicia. Cuidemos.


Fontes:
http://www.despertardoparto.com.br/doula---o-que-eacute.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_13.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnds_crianca_mulher.pdf#page=152 http://www.obasoumae.com.br/doula-e-parto-humanizado-fique-por-dentro-que-e-e-como-funciona/ http://www.partodoprincipio.com.br/#!O-real-desafio-para-a-humaniza%C3%A7%C3%A3o-do-nascimento/cmbz/565b8b6b0cf224052415eb19

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Encontro de Janeiro


O que uma doula faz? Como ela me me ajudar? Ela acompanha somente o parto ou também a gravidez e o pós parto? A doula é importante na cesárea?

Sobre essas e outra dúvidas conversaremos no próximo encontro do Ishtar Fortaleza,  com o tema "Eu preciso de uma doula?".

Veja as informações no cartaz. Compartilhe o convite!

P.S.: O Ishtar Fortaleza está passando por mudanças na sua coordenação. Em breve, informações completas aqui no blog.